COXOS
E ESTROPIADOS
Emmanuel
Em matéria de auxílio aos que te reclamam a luz da fraternidade,
não te deixes guiar pelas aparências.
Não julgues o mordomo do ouro terrestre por afortunado detentor da
riqueza.
Muitas vezes, sob anotações e fichas bancárias, é um trabalhador desesperado,
vergando ao peso de inquietantes compromissos, quando não seja triste sedento
de paz entre as grades da sovinice.
Não suponhas o homem representativo da vida pública como sendo o guardião
da felicidade.
Em muitas ocasiões, embora ostente o bastão do poder, não passa de
infortunada vítima de amargas provas a lhe roubarem o contentamento e a
segurança.
Não consideres a mulher exteriormente enfeitada por jóias de alto
preço, por veículo de maldade e perturbação.
Quase sempre, no imo da própria alma, sente-se asfixiada por
chagas dolorosas de amargura e desencanto, que lhe aniquilam as melhores
aspirações.
Não creias que o artista da inteligência, admirável pelos valores
intelectuais com que assombra a mente popular seja sempre o instigador da
devassidão.
Muitas vezes, na intimidade dele mesmo é um mutilado psicológico,
de quem as vicissitudes da Terra furtaram a esperança e a alegria.
Coxos e estropiados não se encontram simplesmente nos desvãos da
indigência.
Respiram com mais frequência, segundo o símbolo evangélico, nas
grandes e luzidas assembléias do mundo, onde se discutem as mais pesadas
responsabilidades humanas.
Jesus quando nos pediu atenção para com os irmãos infelizes
incluiu igualmente os nossos companheiros que conduzem consigo a bolsa recheada
com aflitivos desenganos na vida íntima.
Fujamos ao exibicionismo dos elogios mútuos e das vazias
competições em que medimos nossas forças com os próprios afeiçoados em torneios
inúteis de vaidade e ilusão.
Que o entendimento nos ilumine o espírito na jornada para diante e
compadecendo-nos uns dos outros, saibamos pavimentar com a verdadeira
fraternidade o caminho de nossa libertação.
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