As Escolas filosóficas (XII)
Não podemos esquecer igualmente,
nesta sintética enumeração das origens da Maçonaria, as grandes escolas
filosóficas da antiguidade: a vedantina, na Índia, a pitagórica, a platônica e
a eclética ou alexandrina no Ocidente, as quais, indistintamente, tiveram sua
origem e inspiração nos Mistérios.
Da primeira, diremos simplesmente
que seu propósito foi a interpretação dos livros sagrados dos Vedas (Vedanta
significa etimologicamente fim dos Vedas), antigas escrituras brahmânicas
inspiradas, obras dos Rishis, “videntes” ou “profetas” com propósito claramente
esotérico, como é demonstrado por sua característica primitivamente adavaita
(“antidualista” ou unitária), com o reconhecimento de um único Princípio ou
Realidade, operante nas infinitas manifestações da Divindade, consideradas
estas como diferentes aspectos desta Realidade Única.
A escola estabelecida por
Pitágoras, como comunidade filosófica educativa, em Crotona, na Itália
meridional (chamada então Magna Grécia), tem uma íntima relação com nossa
instituição. Os discípulos eram inicialmente submetidos a um longo período de
noviciado que pode comparar-se ao nosso grau de Aprendiz, onde eram admitidos
como ouvintes, observando um silêncio absoluto, e outras práticas de
purificação que os preparavam para o estado sucessivo de iluminação, no qual
permitia-se que falassem, tendo uma evidente analogia como grau de Companheiro,
enquanto o estado de perfeição relaciona-se evidentemente como nosso grau de Mestre.
A escola de Pitágoras teve uma
decidida influência, também nos séculos posteriores, e muitos movimentos e
instituições sociais foram inspirados pelos ensinamentos do Mestre, que não nos
deixou nada como obra direta sua, já que considerava seus ensinamentos como
vida e preferia, como ele mesmo o dizia, gravá-las (outro termo
caracteristicamente maçônico) na mente e na vida de seus discípulos, do que
confiá-las como letra morta ao papel.
Em relação a Pitágoras cabe
recordar aqui um curioso e antigo documento maçônico, no qual atribui-se ao
Filósofo por excelência (foi quem primitivamente usou este termo,
distinguindo-se como amigo da sabedoria dos sufis ou sufistas, que ostentavam,
com orgulho inversamente proporcional ao mérito real, o título de sábios) o
mérito de ter transportado as tradições maçônicas orientais ao mundo ocidental
greco-romano.
Desta escola platônica e de sua
conexão com os ensinamentos maçônicos, é suficiente que recordemos a inscrição
que existia no átrio da Academia (palavra que significa etimologicamente
“oriente”), onde eram celebradas as reuniões: “Ninguém deve aqui entrar se não
conhecer a Geometria”; alusão evidente à natureza matemática dos Primeiros
Princípios, assim como ao simbolismo geométrico ou construtor que nos revela a
íntima natureza do Universo e do homem, bem como, de sua evolução.
A filiação destas escolas aos
Mistérios é evidente pelo fato de que Platão, como Pitágoras e todos os grandes
filósofos daqueles tempos, foram iniciados nos Mistérios do Egito e da Grécia
(ou em ambos), e todos deles nos falam com grande respeito, ainda que sempre
superficialmente, por ser então toda violação do segredo castigada pelas leis
civis até com a própria morte.
Da escola eclética ou
neoplatônica de Alexandria, no Egito, podemos estabelecer a dupla
característica de sua origem e de sua finalidade, uma vez que nasceu da
convergência de diferentes escolas e tradições filosóficas, iniciáticas e
religiosas, como síntese e conciliação destas, do ponto de vista interior no
qual se revela e torna patente sua fundamental unidade.
Esta tentativa de unificação de escolas e tradições diferentes, por meio da compreensão da Unidade da Doutrina que nelas se encerra, foi renovada uns séculos depois por Ammonio Saccas, constituindo ainda um privilégio constante e universal característico dos verdadeiros iniciados em todos os tempos.
Esta tentativa de unificação de escolas e tradições diferentes, por meio da compreensão da Unidade da Doutrina que nelas se encerra, foi renovada uns séculos depois por Ammonio Saccas, constituindo ainda um privilégio constante e universal característico dos verdadeiros iniciados em todos os tempos.
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