sábado, 31 de agosto de 2013

O Manuscrito Halliwell


 
O Manuscrito Halliwell ou Poema Regius II

Escrito por A Jorge

Aqui começam os Estatutos da Arte da Geometria segundo Euclides

Aquele que quiser ler e pesquisar
Pode encontrar, contada em um livro antigo,
A história de grandes senhores e belas damas
Que tinham um grande número de filhos muito sensatos,
Mas nenhum dinheiro para criá-los,
Na cidade, nos campos e na floresta,
Fizeram uma assembleia.
Por amor a seus filhos para decidir
Como ganhariam a vida
Sem preocupação nem angústia com o futuro
De seus numerosos descendentes
Que iriam nascer quando eles mesmos fossem apenas cinzas.
Eles iriam buscar os grandes sábios
Para que lhes fossem ensinados bons ofícios.

Nós rezamos, por amor a nosso Senhor,
Para que nossos filhos façam belos e bons trabalhos
Para ganharem a vida,
Sem dificuldade, mas sim com honestidade e sem medo do dia de amanhã.
Naquele tempo, por meio da geometria,
Esse honesto ofício que é a maçonaria
Foi concebido
E organizado por uma nobre assembleia de sábios.
Esses sábios, conforme o desejo dos senhores, inventaram a geometria
E a denominaram maçonaria
Para que ela se tornasse o mais belo dos ofícios.
Os filhos dos senhores foram para junto do sábio
Para que ele lhes ensinasse o ofício da geometria.
Tarefa que desempenhou muito bem.

Respondendo às súplicas dos pais e mães,
Ele os iniciou no ofício.
Quem aprendia melhor o ofício que os outros
E se mostrava honesto
Tinha mais direito à consideração.
Euclides era o nome do grande sábio.
Célebre ele se tornou.
Ele fez com que aquele que soubesse muito
Instruísse aquele que sabia menos
Para que todos fossem perfeitos no ofício.
Sim, eles deviam instruir uns aos outros
E amar-se como se amam Irmãos e irmãs.

Ele disse que aquele que fosse mais bem formado
Seria chamado Mestre.
Para que fosse reverenciado
É assim que devia ser chamado.
Um maçom nunca deveria chamar
Alguém do ofício
A não ser de Irmão,
Mesmo que ele não seja muito hábil.
Entre os maçons deve reinar o amor,
Pois todos são de nobre linhagem.
O ofício da maçonaria teve seu início
Quando o sábio Euclides em sua grande sabedoria
Fundou o ofício nas terras do Egipto.

Foi em terras do Egipto que ele transmitiu
Seu ensinamento.
Isso durou um longo tempo
Até que o ofício viesse para nosso país.
O ofício chegou na Inglaterra
Quando reinava o rei Athelstan.
Ele mandou construir castelos e edificações,
Altos templos extraordinários
Para deleitar-se, de dia ou à noite,
E para reverenciar Deus com toda a sua alma.
O bom senhor amava o ofício
E empenhava-se em fortalecê-lo,
Pois ele havia observado uma certa fraqueza.
Ele ordenou, portanto, que se buscasse no país

Os maçons de ofício
Que foram até ele
Para corrigir essas imperfeições de seus conselhos.
Reuniram-se homens de diferentes classes,
Duques, condes, barões,
Cavaleiros, escudeiros e muitos outros,
Do mesmo modo, os burgueses da cidade.
Todos estavam lá, conforme sua classe,
Para definir os estatutos dos maçons.
Eles uniram seus espíritos
E desempenharam bem sua tarefa.
Anunciaram quinze artigos
E determinaram quinze pontos.

ARTIGO PRIMEIRO

O primeiro artigo da geometria:
Podemos confiar em um Mestre maçom
Pois ele é firme, sincero e verdadeiro.
Ele não será contestado
Se pagar os Companheiros após a refeição
Conforme o valor habitual.
Ele deverá remunerá-los equitativamente segundo a boa-fé
E os méritos deles
Sem nunca levar vantagem.
Eles gastarão o que ganharem
E não economizarão por avareza ou por medo da falta.
Eles não terão mais
De um senhor ou de um companheiro.
Deles não tome nada
Seja como um juiz, aja dentro da justiça,
Assim você dará a cada um de acordo com seu mérito.
Faça isso da melhor forma que puder
Para sua honra e seu proveito.

ARTIGO SEGUNDO

O segundo artigo da boa maçonaria
é característico.
Todo MESTRE maçom
Deve comparecer às assembleias gerais.
Ele deve portanto dizer
Onde a assembleia será realizada.
A essa reunião ele assistirá
Excepto em caso de justificativa válida,
Sob pena de ser reputado rebelde ao ofício
E sem honra.
Se uma doença vier a se apoderar dele
E ele não puder vir
Isso será uma justificativa válida
Que a assembleia aceitará como tal, se ela for verdadeira.

ARTIGO TERCEIRO

O artigo terceiro, em verdade,
É que o MESTRE não aceitará nenhum Aprendiz
Que ele não tenha certeza de empregar durante ao menos
Sete anos.
Duração que não pode ser inferior.
Ela não poderá ser de nenhum proveito para o senhor
Nem para ele próprio.
Isso se compreende facilmente
Por menos que se raciocine a respeito.

ARTIGO QUARTO

O quarto artigo é
Que o MESTRE não poderá
Tomar um servo como Aprendiz
Ou empregá-lo como engodo do lucro,
Pois seu senhor poderá buscar o Aprendiz
Onde quer que vá.
Se ele fosse recrutado na LOJA,
Poderia haver desordem.
Um caso desses prejudicaria a todos.
Todos os maçons seriam atingidos.
Se tal homem assumisse o ofício
Muitas desordens ocorreriam.
Para a paz e a harmonia,
Admitam um Aprendiz de boa condição.
Antigamente, é o que estava escrito,
O Aprendiz deveria ser de alta linhagem.
Assim, filhos de grandes senhores
Aprenderam a geometria, fonte de benefícios.

ARTIGO QUINTO

O quinto artigo é deliciosamente bom.
O Aprendiz não pode ser bastardo.
O MESTRE nunca admitirá
Como Aprendiz uma cabeça perturbada.
Assim vocês compreendem
Que ele deve ter os membros em bom estado.
O ofício padeceria
Se entrasse um amputado, um coxo,
Pois um homem enfraquecido
Não poderia cumprir sua tarefa.
Cada um de vocês compreenderá
Que o ofício demanda homens fortes.
Um homem mutilado não tem força suficiente.
Isso vocês sabem há muito tempo.

ARTIGO SEXTO

Ninguém deve esquecer o artigo sexto
Que diz que o M.1, não pode prejudicar o senhor,
Solicitando ao senhor para seu Aprendiz
O que ele dá aos Companheiros,
Pois estes são formados,
Enquanto o outro ainda não é.
Seria contrário à razão
Dar-lhe o salário dos Companheiros.
Este artigo diz que o Aprendiz deve solicitar
Menos que os Companheiros, que conhecem o ofício.
Em muitas disciplinas, é preciso que se saiba,
O MESTRE pode instruir seu Aprendiz
Para que seu salário possa ser aumentado.
Quando ele tiver cumprido seu tempo,
Seu salário será aumentado.

ARTIGO SÉTIMO

Eis agora o artigo sétimo
Que diz claramente, Companheiros,
Que nenhum MESTRE, por favor ou medo,
Deverá vestir ou alimentar um ladrão.
Ele nunca acolherá um ladrão,
Nem um assassino,
Nem alguém com reputação duvidosa,
Pois isso envergonharia o ofício

ARTIGO OITAVO

O artigo oitavo lhes mostra aqui
O que o MESTRE deve fazer
Se ele tiver diante de si um homem do ofício
Que não tenha capacidade suficiente.
Ele pode substituí-lo
E colocar em seu lugar alguém mais competente.
Pois um homem que tenha fraquezas
Pode prejudicar o oficio.

ARTIGO NONO

É claro,
O MESTRE deve ser ao mesmo tempo escutado e temido.
Ele não iniciará nenhum trabalho
Se não estiver certo de conduzi-lo bem.
Isso para o benefício do senhor
E do ofício.
Ele verificará as fundações
E zelará para que não oscilem nem desabem

ARTIGO DÉCIMO

O artigo décimo ensina a vocês,
Que estão no alto ou debaixo na escala do ofício,
Que nenhum MESTRE deve sobrepujar um outro,
Mas construir em conjunto
Sob a direcção do MESTRE.
Ele não intrigará um Companheiro
Que tiver realizado um trabalho.
Se isso ocorrer,
Ele pagará uma multa de dez libras,
Excepto se aquele que chefiava a obra
For julgado culpado.
Nenhum maçom poderá assumir o trabalho de um outro,
Excepto se este ameaçar a obra.
Um maçom pode então assumir a obra
Para o benefício do senhor.
Nesse caso,
Nenhum maçom poderá se opor.
É verdade que, aquele que escavou as fundações,
Se for um verdadeiro maçom,
Certamente conduzirá a obra a bom termo.

ARTIGO DÉCIMO PRIMEIRO

O artigo décimo primeiro,
eu lhes digo,
É justo e sem rodeios.
Ele diz com vigor
Que nenhum maçom deve trabalhar durante a noite,
Excepto para dedicar-se ao estudo
Pelo qual poderá aperfeiçoar-se.

ARTIGO DÉCIMO SEGUNDO

O artigo décimo segundo diz que todo maçom
Deve ser honesto.
Ele nunca deve criticar o trabalho dos Companheiros
Se quiser manter sua honra.
Seu comentário será honesto.
Pois o saber vem de Deus.
Todos os Companheiros devem trabalhar juntos
Para aperfeiçoar o ofício.

ARTIGO DÉCIMO TERCEIRO

O artigo décimo terceiro, que Deus me guarde,
Diz que, se o MESTRE admitir um Aprendiz,
Ele o instruirá da melhor forma que puder,
Transmitindo-lhe seu saber.
Assim ele conhecerá o oficio e poderá
Trabalhar, não importa em que lugar da terra.

ARTIGO DÉCIMO QUARTO

O artigo décimo quarto diz com razão
Como deve se comportar o MESTRE.
Ele não admitirá um Aprendiz
Se não tiver utilidade para ele.
Durante o aprendizado,
Ele lhe ensinará os diferentes pontos.

ARTIGO DÉCIMO QUINTO

O artigo décimo quinto, o último,
Diz que o MESTRE não deve ter para com os outros homens
Um comportamento hipócrita,
Nem seguir os Companheiros no caminho do erro,
Qualquer que seja o benefício que possa ter.
Ele nunca deverá fazer um falso juramento e
Com amor deverá preocupar-se com sua alma,
Sob pena de trazer para o ofício a vergonha
E para si a
repreensão.

PRIMEIRO PONTO

Nesta assembleia, grandes senhores e MESTRES
Adoptaram diversos pontos.
Quem quiser aprender o ofício e abraçá-lo
Deverá amar a Deus e a Santa Igreja.
Seu MESTRE também,
E igualmente seus Companheiros
É o que deseja o ofício.

SEGUNDO PONTO

O segundo ponto diz
Que o maçom trabalhará nos dias úteis
Da melhor forma possível,
A fim de merecer seu salário e os dias de repouso.
Pois quem tiver feito bem seu trabalho
Merecerá grande reconforto.

TERCEIRO PONTO

O terceiro ponto é muito claro
Com relação ao Aprendiz, saibam bem.
De boa vontade ele deverá guardar segredo sobre os ensinamentos
De seu MESTRE e de seus Companheiros.
Ele nunca trairá as decisões da câmara
Nem o que se faz na Loja
O que quer que possa ser dito ou feito,
Nada será dito.
Tudo o que você ouvir, na Loja, ou na floresta,
Guarde para si, honradamente,
Sem o que, você mereceria uma repreensão
E grande vergonha abater-se-ia sobre o ofício.

QUARTO PONTO

O quarto ponto nos diz
Que ninguém deve mostrar-se pérfido para com o ofício.
Se cometer um erro que possa prejudicar o ofício,
Ele deverá cessar.
Ele não fará nenhum dano
Ao MESTRE ou aos Companheiros.
O Aprendiz com respeito
Obedecerá às mesmas leis.

QUINTO PONTO

O quinto ponto não é contestável.
Quando o maçom receber seu salário
Do MESTRE, como foi acertado,
Ele o receberá humildemente.
Mas o Mestre terá um grande cuidado
Em avisá-lo antes do meio-dia
Se não quiser mais empregá-lo,
Como tinha o costume de fazer.
Assim, se a ordem for respeitada,
As coisas irão bem.

SEXTO PONTO

O sexto ponto será conhecido por todos
Do mais alto ao mais baixo degrau da escala.
Pode acontecer
Que alguns maçons, por inveja ou ira,
Deixem surgir uma disputa.
O MESTRE, se isso estiver em seu poder,
Deverá lhes fixar uma data, após a jornada de trabalho,
Para que possam se explicar.
Eles só tentarão fazer as pazes
Após o término de sua jornada de trabalho.
Durante os dias de licença, vocês poderão
Usar o tempo livre para se reconciliar.
Se vocês marcarem a conciliação fora de um dia de licença,
Isso acabará por perturbar o trabalho.
Façam de modo com que eles cheguem a um acordo
Para que permaneçam sob a lei de Deus.

SÉTIMO PONTO

O sétimo ponto ensina como manter honesta
A vida que Deus nos dá.
Assim como Ele ordena,
Você não dormirá com a mulher de seu MESTRE
Nem de seus Companheiros, não é digno de um homem.
Isso prejudicaria o ofício.
Nem com a concubina de seus Companheiros,
Pois você não gostaria que fizessem o mesmo com a sua.
A punição para essa falta
Será permanecer Aprendiz durante sete anos completos.
Quem esquecer um desses pontos
Será duramente castigado,
Pois a infelicidade poderia resultar
De tal pecado mortal.

OITAVO PONTO

O oitavo ponto não deixa nenhuma dúvida.
Se você receber uma tarefa, qualquer que seja ela,
Ao MESTRE permaneça fiel.
Você nunca será desiludido.
Seja um leal intermediário
Entre o Mestre e os Companheiros
Aja equitativamente tanto com um quanto com os outros.
Isso será uma boa coisa.

NONO PONTO

O nono ponto refere-se
Ao intendente da casa.
Se vocês dois estiverem em casa,
Um deverá servir o outro com moderação e dedicação.
Companheiros, vocês devem saber
Que na sua vez vocês serão intendentes,
Não há nenhuma dúvida.
Ser intendente
É servir os outros
Como irmãs e Irmãos
Nunca tente
Escapar dessa tarefa.
Todos devem exercê-la
Como se deve.
Não se esqueça de pagar convenientemente
Quem lhe vendeu provisões
Para que não possam ter queixas contra você
Nem contra seus Companheiros, homem ou mulher.
Deverão ser pagos de acordo com seus méritos.
Além disso, você dará ao companheiro
O detalhe do seu salário,
A fim de evitar qualquer confusão.
Assim você não será repreendido.
Por sua vez, ele deverá manter controle exacto
Dos bens que tiver recebido,
Das despesas feitas para os Companheiros,
Das quais você prestará contas
Quando os Companheiros lhe solicitarem.

DÉCIMO PONTO

O décimo ponto explica como viver bem
Sem confusão nem discussão.
Se algum dia um maçom for colocado em posição difícil,
Se ele cometer um engano em sua obra
E inventar desculpas,
Ele não hesitará em desonrar seus Companheiros.
Por causa de tais infâmias
O ofício poderá ser censurado.
Se ele aviltar o oficio
Não lhe poupem de nada
E tentem afastá-lo do vício,
Sob pena de verem nascer guerras e conflitos.
Não lhe permitam nenhum repouso. Até que o tenham convencido
A comparecer diante de vocês
De boa ou má vontade.
Durante a assembleia, ele comparecerá
Diante de todos os seus Companheiros reunidos.
Se ele se recusar,
Ele será excluído do oficio
E castigado de acordo com
o código de nossos anciãos.

DÉCIMO PRIMEIRO PONTO

O décimo primeiro ponto recorre à discrição.
Com razão vocês podem compreendê-lo.
Um maçom que conhece o oficio,
Que vê seu companheiro talhar uma pedra
E ameaçar desperdiçá-la,
Deve corrigi-lo se puder
E ensiná-lo como realizar o talhe
Para que não seja maltratada a obra do Senhor.
Mostre-lhe como terminá-la
Com palavras calorosas que Deus lhe dá.
Por amor por Aquele que está lá no alto,
Por meio de palavras cultive a amizade.

DÉCIMO SEGUNDO PONTO

O décimo segundo ponto não pode ser mais realista.
No local onde será realizada a assembleia
Haverá Mestres, Companheiros,
Grandes senhores.
Haverá também o xerife,
O prefeito da cidade,
Cavaleiros e escudeiros
E almotacéis.
Todas as ordens dadas por eles
Serão respeitadas ao pé da letra
Pelos homens do oficio.
Se ocorrer alguma contestação,
Eles têm poder de decisão.

DÉCIMO TERCEIRO PONTO

O décimo terceiro ponto é muito útil.
Um maçom nunca deve roubar
Nem auxiliar um ladrão
Com o objectivo de receber uma parte do roubo.
Ao cometer esse pecado, ele prejudicaria
A si e a sua família.

DÉCIMO QUARTO PONTO

O décimo quarto ponto é boa lei
Para aquele que tem medo.
Ele deve prestar juramento
Diante de seu MESTRE e seus Companheiros.
Ele obedecerá com zelo
Às ordens,
A seu senhor, ao rei,
Aos quais será fiel.
Todos os pontos que acabamos de enumerar
Você deve respeitar
E prestar juramento, queira ou não.
Todos os pontos
Foram ditados pela razão.
É preciso saber que será verificado
Que os Companheiros os coloquem em prática.
Se alguém vier a esquecê-los,
Qualquer que seja sua posição,
Ele será detido
E conduzido diante desta assembleia.

DÉCIMO QUINTO PONTO

O décimo quinto ponto é de grande proveito
Para aqueles que prestaram juramento.
Esta ordem é obra
Dos senhores e Mestres citados acima.
Ela foi redigida para impedir que se prejudique
Aqueles que recusarem esta constituição
E seus artigos escritos
Pelos senhores e maçons.
Se suas faltas forem provadas
Diante desta assembleia,
E eles não quiserem emendar-se,
Deverão renunciar ao ofício
E jurar abandoná-lo.
A menos que reconheçam sua culpa,
Eles não farão mais parte do oficio.
E se recusarem-se a obedecer
O xerife os deterá imediatamente
E os lançará em uma escura prisão.
Seus bens e seu gado serão confiscados
Pelo tempo que aprouver ao rei.

Um outro regulamento da Arte da Geometria

Ordenou-se que anualmente
Uma assembleia seja realizada
Para verificar e rectificar os erros
Do ofício no país.
Todos os anos ou a cada três anos,
Conforme o caso, será assim
No local por eles escolhido.
Data e local serão fixados, assim como
A localização exacta.
Todos os homens do ofício assistirão a ela
Assim como os senhores
Para corrigir os erros do ofício.
Todos aqueles que pertençam ao ofício
Deverão jurar manter puros
Os estatutos do ofício
Tal como foram redigidos pelo rei Athelstan.
Esses estatutos, por mim encontrados,
Devem ser respeitados no território,
Fiéis à realeza que devo a minha
Dignidade.
Em cada assembleia,
Venham sentar-se junto de seu rei,
A fim de encontrar nele a graça
Para que ela permaneça em vocês.
Eu confirmo os estatutos do rei Athelstan
Que os ditou para o ofício.
A arte dos Quatro Coroados.

Supliquemos a Deus Todo-Poderoso
E à Virgem Maria
Para que sejam protegidos esses artigos
E esses pontos,
Como esses quatro mártires
Que no ofício foram considerados com grande honra
Eles eram os melhores maçons da Terra,
Escultores em madeira, fabricantes de imagens.
O imperador que tinha alta estima
Por esses nobres operários
Ordenou-lhes que criassem uma estátua à sua imagem
Que seria venerada.
Ele queria assim desviar
O povo da lei de Cristo.
Esses homens tinham fé na lei de Cristo
E em seu ofício, que não desejavam desonrar.
Eles adoravam Deus e seu ensinamento,
E desejavam permanecer a seu serviço.
Eles eram homens puros e sinceros
Que viviam segundo a lei divina,
Não queriam de forma alguma criar ídolos,
Apesar do beneficio que podiam obter com isso.
Recusaram-se a criar uma imitação de Deus.
Não queriam renunciar a sua fé
E se perder nos caminhos de uma falsa lei.
O imperador irado ordenou que fossem detidos
E mantidos em um profundo calabouço.
Quanto mais ele os detinha prisioneiros,
Mais eles viviam na graça do Cristo.
Quando o rei viu que era impotente,
Ele ordenou que os matassem.
Se vocês quiserem saber mais
Vocês encontrarão no livro
Da Lenda dos santos.
Os nomes dos Quatro Coroados
São conhecidos por todos.
Sua festa ocorre no oitavo dia após
O Dia de Todos os Santos.
Escutem agora o que pude ler.
Bem depois que o Dilúvio de Noé,
Que angustiou todos, secasse,
Os homens construíram a torre da Babilónia,
De cal e pedra, de uma tal altura
Que nenhum homem havia visto antes disso.
O edifício era tão comprido e tão grande
Que fazia com sua altura uma sombra de sete milhas.
O rei Nabucodonosor o fez robusto
Para que, se um outro dilúvio acontecesse,
Não destruísse a obra.
Os homens tinham tanto orgulho
E faziam tanto alvoroço
Que a obra foi destruída
Quando um anjo a atingiu.
O anjo diversificou tanto as línguas
Que os homens não se compreendiam mais.
Depois de muitos anos, o bom sábio Euclides
Andou pelo mundo para ensinar geometria.
E ele fez outras coisas,
Diferentes ofícios, em grande número.
Pela graça do Cristo nos Céus
Ele fundou as sete ciências.
Gramática é a primeira, se não me engano.
Dialéctica é a segunda, sejamos abençoados.
Retórica é a terceira, não há contestação.
Como lhes digo, Música é a quarta.
Astronomia é a quinta, por minhas barbas.
Aritmética é a sexta, não há nenhuma dúvida.
Geometria, a sétima, encerra essa lista.
Feita de doçura e cortesia,
Gramática é uma raiz,
Todos a encontram nos livros.
Mas o ofício ultrapassa esse nível
Como o fruto vai além da raiz da árvore.
A retórica orna a palavra
E a música é um canto melodioso.
A astronomia faz a soma dos planetas.
A aritmética permite mostrar que uma coisa
É igual a outra.
Geometria, sétima ciência,
Permite distinguir o que é falso do que é verdadeiro,
Estou convicto.
Eis as sete ciências.
Quem bem as usa pode atingir o céu.
Filho, tenha bom senso
Para deixar para trás o orgulho e a inveja.
Oriente seu espírito para uma sadia sobriedade,
Para que caminhe na boa direcção.
Agora eu lhes digo, prestem atenção
Ao que vem a seguir, que será muito útil.
O que está escrito aqui
Não é suficiente.
Se a inteligência lhe faltar,
Reze a seu Deus para que ele o ajude.
O Cristo nos disse,
Que a Santa Igreja é a casa de Deus.
O Livro da Lei diz em verdade
Que ela é feita para a prece.
É lá que o povo deve ir
Rezar e reconhecer seus pecados.
Nunca chegue atrasado na igreja,
Depois de se divertir diante da porta.
Quando você for para a igreja,
Tenha no espírito
Que você deve honrar seu Senhor,
Tanto de dia quanto à noite,
Com seu espírito e sua energia.
Na porta da igreja
Apanhe a água benta.
Cada gota sobre sua fronte
Perdoará um pecado venial.
Não esqueça de baixar seu capuz
Pelo amor por Aquele que morreu na cruz.
Na igreja
Você elevará seu coração em fraternidade para o Cristo.
Levante o olhar para a cruz
E fique de joelhos.
Que Ele o apoie em seu trabalho
Como deseja a Santa Igreja
E que Ele guarde os dez mandamentos
Que Deus ditou aos homens.
Suplique a Ele com humildade
Para o proteger dos sete grandes pecados
Para que em sua vida
Não haja nem preocupações nem guerras.
Peça a Ele
Um lugar no Céu.
Na Santa Igreja, abandone a subtileza,
A luxúria e a obscenidade,
Assim como sua vaidade.
E reze seu Pater noster e sua Ave.
Não reze ostensivamente
Mas esteja em suas súplicas.
Se um dia você não puder mais rezar
Não perturbe os outros em suas devoções.
Sobretudo não fique nem sentado nem em pé,
Mas sim de joelhos no chão.
Quando eu ler o Evangelho
Você se levantará sem se apoiar sobre a parede
E você fará o sinal da cruz, se lhe tiverem ensinado.
Quando ecoar a Glória,
Quando o Evangelho for dito,
Você se ajoelhará.
Com os dois joelhos no chão,
Você adorará Aquele que nos remiu.
Quando soar o sino
Antes da Elevação
Jovens e velhos, vocês se ajoelharão
E elevando suas duas mãos
Vocês dirão:
Senhor Jesus, por seu nome que é santo,
Livre-me do pecado e da vergonha.
Absolve meus pecados e dê-me a comunhão.
E poderei seguir purificado
Para que eu não morra em estado de impureza.
Você, nascido de uma virgem,
Faça com que eu nunca esteja perdido.
Quando eu deixar este mundo,
Dê-me a felicidade eterna.
Amém, amém, assim seja.
Agora, graciosa dama, reze por mim.
Quando vier a Elevação, ajoelhe-se
E agradeça com fervor Àquele que tudo moldou.
Feliz é aquele que pôde ver um único dia
O Senhor.
É um bem precioso
Ao qual ninguém pode atribuir um preço.
Esta visão faz um bem tão grande,
Como disse Santo Agostinho no passado.
No dia em que você vir Deus,
Bebida e comida lhe serão concedidos.
Nada o poderá prejudicar,
Nem os insultos nem as zombarias,
Deus o acolherá no instante da morte.
Não tema a morte.
Quando o momento chegar, eu lhe juro,
Você terá os olhos abertos
E seus passos o guiarão
Para uma santa visão.
O Anjo Gabriel estará a seu lado
E manterá seus olhos abertos.
Dito tudo isso, é hora de terminar
Com relação à missa.
Assista ao ofício a cada dia.
Mas, se seu trabalho o impede,
Quando soarem os sinos,
Reze a seu Deus de todo o coração
E esteja com Ele em pensamento
Na cerimónia.
Eu lhe recomendo,
A você e seus Companheiros, escutar o que eu digo.
Diante de um senhor, em sua casa, na sala ou à mesa,
Tire o chapéu ou o capuz antes de falar.
Fica bem se inclinar duas ou três vezes
Diante desse senhor
Colocando o joelho direito no chão.
Você manterá sua honra.
Não cubra a cabeça
Enquanto não lhe disserem para fazê-lo.
Quando falar com ele,
Seja amável e franco.
Faça como diz o Livro da Lei
Fite-lhe os olhos amavelmente
E examine seus pés e mãos.
Evite se coçar ou tropeçar.
Não cuspa jamais, nem assoe o nariz.
Espere estar sozinho para fazê-lo.
Você tem grandes qualidades em você,
Mas aja humildemente.
Quando estiver na casa de um senhor
Seja simples.
Não faça alarde de seu nascimento
Ou de seus conhecimentos.
Não assoe o nariz e não se apoie na parede.
Uma educação honesta
Não pode permitir tais comportamentos.
A perfeição de seus gestos abrirá portas.
Pouco importa quem eram seu pai e sua mãe,
Digno é o filho que se comporta bem.
Onde quer que você vá, são as boas maneiras
Que fazem o homem.
Conheça seu próximo
A fim de lhe render a homenagem que lhe é devida.
Nunca cumprimente todas as pessoas ao mesmo tempo,
A menos que você as conheça.
À mesa, Coma sem gula.
Suas mãos estão limpas,
Sua faca afiada?
Não desperdice o pão pela carne
Que você não comerá.
Se o homem próximo a você for de condição superior,
Ele se servirá
Antes de você.
Não pegue o melhor pedaço,
Aquele que você prefere.
Suas mãos devem estar limpas.
Não suje o guardanapo,
Ele não serve para você assoar o nariz.
Não limpe seus dentes à mesa.
Não esvazie sua taça,
Mesmo que tenha muita sede.
Não fique com a boca cheia
Quando falar ou quando beber.
E se um homem próximo a você
Se puser a beber mais que o razoável,
Interrompa seu discurso,
Esteja ele bebendo vinho ou cerveja.

Tome cuidado para não magoar ninguém
Mesmo que ele pareça disposto a magoar você.
Não maltrate ninguém
Se você quiser manter sua honra.
Palavras podem ser ditas
Que seriam lamentadas.
Guarde seu sangue frio,
Você não terá arrependimentos.
Na sala, em companhia de graciosas damas,
Fique calado e observe.
Evite rir ruidosamente
E gritar como um libertino.
Fale somente com seus pares
E não conte tudo que você ouviu.
Não é necessário dizer o que você faz
Por ostentação ou por interesse.
Maravilhosos discursos podem auxiliá-lo,
Mas também levá-lo à sua perdição.
Se você encontrar um homem de valor,
Mantenha a cabeça nua.

Na igreja, no mercado ou nos bairros,
Cumprimente-o de acordo com sua linhagem.
Quando caminhar com um homem
De linhagem mais alta,
Caminhe ligeiramente atrás dele.
É sinal de bom gosto.
Deixe-o falar, mantendo sua calma.
Quando ele tiver terminado, diga o que tem a dizer,
Com prudência e moderação.
Nunca o interrompa,
Mesmo que ele esteja bebendo vinho ou cerveja.

Que Cristo, em sua grande graça,
Dê-lhes o tempo e o espírito
Para ler e compreender este livro,
Para que o Céu lhes seja a recompensa.
Amen, amen, assim seja.
Digamos isso em uníssono, por caridade

 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013


Quem somos? O que fazemos?

 

Escrito por A Jorge

Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente da falta de humildade.

O Maçom na sociedade atual - Nossa Ordem tem sistematicamente, através dos tempos, oferecido aos seus membros oportunidades de evolução pessoal, para que se transformem numa poderosa força do bem, como influentes construtores sociais. Muitas tentativas foram feitas, e a história nos diz, muitas, infrutíferas, devido à intolerância; grande número alcançou seus objetivos.

Temos apregoado que há necessidade de um número maior de homens de qualidade em nossa Ordem, para que possamos dar oportunidade a homens sinceros se prepararem para o serviço na sociedade, segundo os princípios das tradições iniciáticas. Com isto e com a participação do homem Maçom na sociedade haverá uma correção dos profundos erros políticos e sociais, para a defesa da liberdade de consciência, da justiça e da verdade, seja ela qual for. No Brasil, há liberdade de ação, prevista pela nossa Constituição, mas há dificuldades múltiplas na prática de nossas manifestações, em grande parte pela ignorância do povo em geral sobre nossa Instituição, e em parte pela falta de objetividade na ação do próprio Maçom na sociedade, que muitas vezes deixa de definir aonde ele quer chegar.

Não é novidade para ninguém, que a elite brasileira não é muito sensível às preocupações gerais do nosso País. Se considerarmos que nosso País ainda luta contra suas deficiências básicas, tais como a educação, a moradia, a saúde, o saneamento básico, e a segurança.

O interessante é que muitos falam e poucos assumem, e nós Maçons, de tantos passados históricos, somos apontados em muitas ocasiões como a esperança moral do povo.

O Maçom sempre foi um insatisfeito, e sempre que na história surgem elementos novos, redimidos pelo saber e pela instrução, e outros que provocam a queda espiritual e moral do homem, o Maçom sempre tem reclamado e interferido. Seria interessante sabermos o que o Maçom pode verdadeiramente fazer na sociedade atual e diante dela. Para isto talvez não baste entendermos o que ocorre na sociedade atual, mas precisamos nos conhecer a nós próprios e nossas pretensões.

Quem somos? O que fazemos? Estas questões aparentemente simples são amplas e podem ser encaradas sob vários aspectos, mas, dois são básicos:

  • Nós Maçons somos hoje um grupo de homens espalhados pelo País, com princípios bem definidos pelos nossos Rituais, mas com regras não totalmente bem definidas pela nossa Constituição e Regulamentos, com decisões sem muita repercussão, fora de nossos Templos. Cumprimos nossas obrigações perante nossas Obediências e nossas Lojas, afinal juramos isto!
  • Somos um grupo de homens, cuja decisão sobre o que discutimos, e sobre o que precisamos na sociedade, não tem, muitas vezes atravessado a rua em que se encontra a nossa Loja! Infelizmente esta afirmativa não é exagerada. Muitas vezes dentro de nossos Templos somos combativos, "verdadeiras feras" em defesa do bem, do menor, da democracia, dos princípios basilares, reclamamos da sociedade e de tantas outras necessidades do homem no mundo atual. Nestes aspectos, o Maçom, sem sombra de dúvidas, não é um privilegiado, pois fala muito e faz pouco! É claro que entendemos que este comportamento é uma função quase que direta das circunstâncias da precária vida e da formação do homem na época atual, mas continuo entendendo que o Maçom, nestes aspectos, ainda não é privilegiado...

Por outro lado, entendemos também, e com o tempo a passar aprendemos serem nossos Templos um desafio à nossa responsabilidade e a filosofia é a luz que ultrapassa as barreiras físicas e mentais por nós conhecidas. É a luz que nos mostra no céu as estrelas que nos orientam nos dando acesso ao conhecimento e à vida de um modo geral, e é a luz que consolida o nosso passado, levando-nos a pensar no futuro! Sob este aspecto, entendemos que o Maçom não só é privilegiado como brilhante, e até muitas vezes convencido da necessidade de um aperfeiçoamento.

O Maçom agora é privilegiado sim, porque assume com estes programas um compromisso com a liberdade intelectual e espiritual do homem, cujo limite, sabemos, é o infinito...

Assim, à sombra deste privilégio, e à frente dos nossos olhos, vários caminhos podem ser tomados diante da sociedade em que vivemos; a questão é: qual tomar?

É bem conhecido que o Maçom não cultua o poder, notadamente o poder político, e muito menos o cortejamos, mas temos a obrigação de prepararmos nossos membros para que exerçam dignamente o poder quando convocados para servir a sociedade. A questão é como encarar a sociedade com conceitos e princípios que defendemos...

Desta forma, faz parte do nosso convívio como homens de bem, como atuação, oferecer o direito de cobrar dos que se encontram no poder, posições de competência, austeridade, sensatez, igualdade e moralidade. A sociedade atual muito pouco sabe sobre nossos propósitos, e reluta muitas vezes em aceitar nossa Sublime Instituição, duvidando da nossa eficiência. Nossa grande preocupação é que nós mesmos duvidamos de nossas atuações e de nossa eficácia.

Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente de falta de humildade, que nos assolam em todos os momentos de nossa vida, reverenciando o mal.

Nós escolhemos nossos caminhos e nossa Ordem, por vontade própria e sem constrangimento ou coação. Se não tivermos consciência do que queremos podemos livremente procurar nossa realização em outro lugar.

O que precisamos mesmo é nos aproximar da sociedade profana; caminharmos até ela, convivermos com suas dificuldades, seus prazeres, com sua sabedoria e com sua ignorância. Isto é difícil, mais para a Maçonaria, sociedade repleta de princípios bem definidos, e com a vontade de fazer, e fazendo o melhor, pode tornar-se viável.

Muitas vezes, o Maçom é brilhante, bem preparado, repleto de conhecimentos, mas é tímido e se envergonha de chegar à sociedade, e oferecer algo em favor dos outros. Se formos ao encontro dos reais objetivos de nossa Ordem, e deixarmos de justificar nossos melindres e preconceitos mais fortes, e provermos as necessidades do Irmão, naquilo que lhe der oportunidade de criar e lhe der liberdade de pensamento e acção, já estamos próximos do cumprimento de nossas obrigações. Entre as quais destacamos o papel de manter e formar o homem do bem!

Vamos a eles! Podemos contar com o seu apoio e o nosso nunca lhes faltará.

Favorecer o ser humano, com base no amor ao próximo, amor fraterno, demonstra acima de tudo a compreensão pura e simples da prevalência do espírito sobre a matéria.

Não nos permite o mundo atual, ficarmos encerrados em nossos Templos, fazendo juras de fidelidade, num circuito fechado, inconsistente. Temos que participar. Afinal, não somos uma obra exclusiva de nosso tempo, e sim de muitas épocas, e por esta razão somos responsáveis pelo que mantemos. Temos que nos aproximar da sociedade e não nos afastarmos dos seus problemas, quebrando o antigo tabu da falta de aproximação e do diálogo. É chegado o momento de definirmos uma boa razão para vivermos e até mesmo de pertencermos à Maçonaria.

O Maçom chegou a uma conclusão de que temos que nos unir e trabalhar juntos, e que não adianta nos lamentarmos levantando protestos dentro dos nossos Templos contra os erros da sociedade de hoje, que, aliás, são muitos; o que temos que fazer é trabalhar para o bem, até mesmo numa tentativa frenética de erguermos a moral de nosso povo, hoje abatido, infeliz e sem muitas perspectivas sólidas para o futuro. O Maçom tem sempre que levar aos seus arredores mais próximos seus conhecimentos, que em média são muito superiores que os da grande maioria deste povo brasileiro sofrido, muitas vezes por falta de oportunidade e em grande parte desprovido de princípios.

Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos unamos em torno do bem e da tolerância. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado, desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que se praticou.

Valdemar Sansão - M:. M:.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013


 

Escrito por Valdemar Sansão

Trabalho e Riqueza

Acredito que o mundo ideal seja aquele que inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das riquezas.

Vivemos em uma sociedade delirante, dentro da qual o ser humano age em busca de ilusões: ou é um cargo importante, dinheiro, título ou fama pura e simples, sem relação com algum valor ou autêntica realidade humana. Quase sempre temos a sensação de que nossa vida, não tem um sentido maior. Às vezes, acusamos nosso chefe, nossos amigos e até mesmo nossos pais. Mas, será que levamos a vida como deveríamos?

É dever do Maçom, amante da Verdade, trabalhar para o reinado da paz e da concórdia, da harmonia, do amor pelo próximo, da verdade soberana e da justiça absoluta dessa Força que chamamos Grande Arquiteto do Universo.

Colocamos nossa vida num caminho certo e com objetivos bem definidos? “Feliz o homem que torna seu o momento presente e que pode dizer consigo mesmo: HOJE VIVI”.

O TRABALHO

Deus criou o homem sem roupas e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los.

É perfeitamente natural que o trabalho de um homem lhe proporcione direitos e que lhe remunerem esse direito. O trabalho de um homem não é uma mercadoria. Entram nesse trabalho elementos que não é possível taxar. Há coisas que não é possível comprar: por exemplo, o sono, conhecimento do futuro, o talento. O trabalho sério exige responsabilidade e determinação.

Trabalho maçonico - o termo trabalho em Maçonaria, é, realmente, mais usado no plural, para designar as reuniões e as deliberações das Lojas, ou de outros Corpos maçónicos; toda tarefa maçónica dentro do templo é denominada trabalho; esse trabalho consiste em despertar no maçom as virtudes que existem no seu subconsciente; as virtudes não são colocadas dentro do ser humano, mas deduzidas, pois elas nascem com a criatura. Todavia, toda a Maçonaria Simbólica é dedicada ao trabalho, principalmente do Aprendiz, que, simbolicamente, desbasta a pedra informe, bruta, esquadrejando-a, para transformá-la numa pedra cúbica, que se encaixa, perfeitamente, nas construções.

Trabalho maçónico é o exercício constante para a obtenção de posturas certas; de prática litúrgica perfeita; é a emissão de vibrações que alcancem o próximo, que é o maçom ausente, momentaneamente, em matéria no templo, eis que todo Iniciado faz morada permanente no templo.

Obviamente, o trabalho não é produzido com o suor do rosto, isto é, com o imperativo para a subsistência, resultante de um “castigo”. A construção do templo espiritual coletivo e individual demanda muito trabalho, mas é dignificante e geradora de prazer. O trabalho não é penoso, mas a glorificação do Criador; o que o homem produz é sempre um milagre, uma satisfação, uma bênção, um ato de santidade. O ócio é um vício, o oposto do labor, pois a desocupação da mente dá margem a que as vibrações e os fluidos negativos tomem conta do lugar destinado à pureza. Continuemos a tarefa que nos cabe realizar, em conjunto, de tornar a Maçonaria cada vez melhor praticada, de colocar nossa mensagem de perfeição ao alcance de todos. Estar nessa tarefa é, sem dúvida, uma manifestação de fé de nossa capacidade de vencer nossos próprios desafios. É tarefa aparentemente complexa, mas que se torna simples quando a executamos de conformidade com os princípios do amor fraternal.

A Maçonaria trabalha no sentido de que seus ensinos alcancem todos os homens livres e de bons costumes, pois através do seu conhecimento e da sua vivência, teremos todos melhores condições para sair da ignorância, violência e sofrimento que ainda caracterizam a nossa sociedade.

A RIQUEZA

O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo.

Deus conhece nossas necessidades, e as provê segundo o necessário; mas o homem, insaciável em seus desejos, não sabe sempre se contentar com o que tem; o necessário não lhe basta, lhe é preciso o supérfluo.

As dificuldades economicas com que lutamos; as convenções sociais, toda a organização da vida moderna alcançaram o dinheiro a uma tão eminente categoria que não é para admirar que a imaginação humana lhe atribua uma espécie de realeza.

A principal vantagem da riqueza é de descartar a preocupação de ganhar dinheiro; mas, se na realidade pensamos nele em demasia e com sentimentos egoístas, a riqueza produz mais mal que bem. O dinheiro é uma grande tentação; impele os homens ao orgulho e à indulgência para consigo mesmos. A pobreza requer duas virtudes apenas: constância no trabalho e paciência. O rico, ao contrário, se não possui caridade, temperança, prudência e muitas outras qualidades, torna-se um perigo. Toda a história nos ensina quão perigosos são o poder e as riquezas.

Quando me refiro à palavra riqueza, não estou fazendo menção à jóias nem a supérfluos e sim àqueles bens necessários para que  o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto. Um homem só deve incomodar-se em atingir a independência que garanta uma modesta soma em dinheiro para as despesas do enterro, uma casinha em uma pequena quadra no solo deste planeta. Algumas economias para as despesas anuais com alimentação e vestuário. A preocupação em acumular dinheiro, escravizando ele os dias e as noites, eis a maior fraude da civilização moderna.

Portanto, possuir não é um privilégio com que nos glorifiquemos, mas um encargo, cuja gravidade devemos sentir. Esta função, que se chama riqueza, exige uma aprendizagem, da mesma forma que há uma aprendizagem de todas as funções sociais. Saber possuir é uma arte, uma das artes mais difíceis de aprender. A maior parte das pessoas, pobres ou ricas, julgam que na opulência basta deixar correr a vida. É por isso que há tão poucos homens que sabem manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas, extasiados com a intrepidez de ganhar a qualquer preço, mentem, roubam, traem.

Quando isto ocorrer, poderão aproveitar de forma eficaz os ensinamentos da Sublime Ordem Maçónica pela contribuição positiva que sempre deu à sociedade formando seus filiados e, em particular porque os mesmos já foram testados e aprovados.

O que complica a vida, o que a corrompe e altera, não é o dinheiro, é o nosso espírito mercenário. O espírito mercenário reduz tudo a esta pergunta: Quanto eu levo nisto? Quanto é que isto me renderá? É a famigerada “lei de levar vantagem em tudo”. E tudo se resume neste axioma: Com dinheiro, tudo se arranja. Aqueles abomináveis que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do ser humano. Com esses princípios de conduta, uma sociedade pode não servir ao povo em nada, mas pode descer a tal infâmia, que não é possível descrevê-la nem imaginá-la.

Quando encontrarmos um homem rico e ao mesmo tempo simples, isto é, que considere a sua riqueza como um meio de desempenhar a sua missão humana, devemos saudá-lo respeitosamente, porque esse homem é certamente alguém que venceu obstáculos, atravessou perigos, triunfou das tentações vulgares ou embaraçadas. Para tanto, travou a única luta recomendada pelos vitoriosos: a sua luta contra si mesmo. Assim vivenciando, nada lhe será impossível, pois é o único responsável pelo seu destino.

O Maçon autêntico não confunde o conteúdo da sua bolsa com o do seu cérebro ou do seu coração, e não é com algarismos que avalia os seus semelhantes. A sua situação excepcional, longe de elegê-lo, humilha-o, porque sente tudo quanto lhe falta para estar inteiramente à altura do seu dever. É acolhedor, caritativo, e longe de fazer dos seus bens uma barreira que o separe do resto dos homens, faz dela um meio para deles se aproximar cada vez mais. Enquanto houver conflitos de interesse, enquanto existirem na terra a inveja e o egoísmo, nada será mais respeitável que a riqueza penetrada pelo espírito de simplicidade, pois assim, o homem, mais do que fazer-se perdoar, conseguirá fazer-se amar; o resto só é vaidade.

Valdemar Sansão - M:. M:.